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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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São João Nepomuceno
Furtado de Campos
Tupi
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Saída para o ramal de Juiz de Fora: Rio Novo
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
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Cia. União Mineira (1883-1884)
E. F. Leopoldina (1884-1975)
RFFSA (1975-1994)
FURTADO DE CAMPOS
Município de Rio Novo, MG
Linha de Caratinga - km 239,136 (1960)   MG-1795
Altitude: 422 m   Inauguração: 15.06.1883
Uso atual: biblioteca (2015)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: Este trecho da Leopoldina na verdade era uma junção de várias linhas isoladas originalmente, construídas em épocas diferentes. O trecho entre Entre Rios (Três Rios) e Silveira Lobo foi aberto em 1903 e 1904; o seguinte, até a estação de Guarani, ficou pronto em 1883 e havia sido construído e operado pela Cia. União Mineira, até a entrega à Leopoldina, em 1884; o trecho entre esse ponto e Ligação ficou pronto em 1886, enduanto daí para a frente, até Ponte Nova, foi entregue entre os anos de 1879 e 1886. Entre 1912 e 1926, entregou-se a linha até Matipoó (Raul Soares) e finalmente, em 1931, a linha chegou a Caratinga, de onde não passou. Havia um trem de Barão de Mauá, no centro do Rio de Janeiro, para Caratinga, via Petrópolis, todos os dias, desde que a linha completa foi entregue, em 1931. Sem trens de passageiros desde os anos 1980 (em 1980 ainda existiam trens mistos fazendo o serviço de passageiros entre Ubá e Caratinga, vindo de Recreio, na antiga linha-tronco da EFL), a linha foi erradicada em 1994 nos trechos Três Rios-Ligação e Ponte Nova-Caratinga; o trecho intermediário consta até hoje como tendo "tráfego suspenso".
 
A ESTAÇÃO: A estação de Furtado de Campos foi inaugurada pela União Mineira em 1883. Ela foi aberta pouco mais de um mês antes da abertura da estação do Rio Novo, no que viria a se tornar o ramal de Juiz de Fora, e um ano antes da estação seguinte na linha que viria a ser a de Caratinga. Foi, portanto, ponta de linha e dá a entender que foi aberta antes para atender a junção do então pequeno ramal.

A vila que se formou em volta cresceu com a ferrovia e tornou-se um distrito de Rio Novo.

"Quando ainda guri, meu pai me levava à fazenda de nosso tio em Furtado de Campos, onde a 5 metros da porteira passava a linha férrea onde, me lembro, colocava pedaços de vidro para virar cerol para pipa. Ia do Rio para Juiz de Fora e de lá para Furtado de Campos" (Sebastião Gerolimich, 05/2007).


Em meados do século XX a decadência já chegaria: "Não fora a existência da estação ferroviária da 7a Divisão da Leopoldina, onde uma dedicada equipe coordenada pelo agente-chefe José Arnaldo Zamagno quebra todos os galhos, a pequena localidade de Furtado de Campos estaria agonizante, prestes a regredir a simples povoado. Com cerca de 1.200 habitantes e 160 eleitores, afora o único posto telefônico, seu isolamento é quase total. Não há cinema, indústria e nem mesmo agência de correio, encarregando-se da correspondência a turma da estação, ponto de encontro e de recados, de informações e de assistência em geral. Já houve tempo em que Furtado de Campos possuía máquina de beneficiar arroz, charqueada e curtume. Mas agora apaenas existem modestos planos para a instalação de uma fábrica de queijo. Furtado de Campos é um distrito de Rio Novo (...) enquanto a sede do município floresce e progride velozmente, Furtado de Campo vai morrendo lentamente a cada dia.

Assim era a estação Furtado de Campos em outubro de 1970, conforme foi publicado na revista REFESA desse mês: "Sua única via de comunicação com os centros mais importantes é a ferrovia, hoje com seis trens diários (outrora corriam onze), pois a única estrada de rodagem é de chão batido, cheia de mata-burros, estreita e em péssimo estado de conservação. A 14 km de Guarani, 9 de Rio Novo e 15 de São João Nepomuceno, o lugarejo possui uma capelinha (São Sebastião) e se orgulha de dois nomes famosos: o jogador Gilbert, que atuou no América e no Bonsucesso, e Dom Manuel dos Santos Borba, coadjutor do Cardeal Cerejeira e Arcebispo de Beja, Portugal, que passou toda a sua infância numa das casas modestas que até bem pouco tempo resistia ao peso dos anos mas agora é somente ruínas. Na estação servem, além de Zamagno, dois agentes, um manobreiro, dois trabalhadores e dois artífices mecânicos. Setenta passageiros de 1a classe e 480 de 2a totalizam o movimento geral de usuários durante todo o mês na estação que tem no seu agente-chefe uma figura que fornece caixões e corta cabelo de um sem número de colonos, usando máquina de tosquiar carneiro. Assim, em ritmo tranqüilo e pacato, o povo da vila vai torcendo à espera do dia em que o distrito volte a crescer e ganhe melhores condiçções de vida".

Dois anos depois (1972), o tráfego no ramal de Juiz de Fora foi suprimido, passando a estação a
ser apenas passagem dos trens da linha de Caratinga.

No início dos anos 1980, os trens de passageiros acabaram de vez. A supressão oficial da linha ocorreu em 1994, mas mesmo o tráfego de cargas já não existia nessa época. Em 2015, a estação de Furtado de Campos estava sendo usado como biblioteca municipal.

1891
AO LADO: A agência postal da estação de Furtado de Campos foi criada seis dias antes da inauguração da estação, ou seja, em 30/5/1883, porém o agente postal só foi titulado em abril de 1885. Localizava-se no município de Rio Novo e fazia parte da E. F. Leopoldina - ramal de Juiz de Fora. A mala postal, permutada diariamente com a Administração Federal (Rio de Janeiro), podia seguir por dois caminhos: a) pela E. F. Central do Brasil até Juiz de Fora e em seguida pelo ramal Juiz de Fora - Piau, ao destino; b) ou pela mesma estrada de ferro Central do Brasil até Entre Rios (atual Três Rios) e em seguida pela Estrada de Ferro Leopoldina, antigo Ramal de Serraria ao destino (Texto e foto ao lado: Márcio Protzner).

ACIMA: Nos anos 1990, já sem trilhos, a estação de Furtado de Campos é apenas uma imagem bucólica de um local que deixou de ter a razão de sua existência (Acervo Manoel Monachesi).

(Fontes: Jorge A. Ferreira; Ricardo Marigo; Hugo Caramuru; Gutierrez L. Coelho; José Emílio Buzelin; Revista REFESA, 1970; Cyro Deocleciano Pessoa Jr.: Estudo Descriptivo das Estradas de Ferro do Brasil, 1886; Edmundo Siqueira: Resumo Histórico da Leopoldina Railway, 1938; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-82)
     

A estação em outubro de 1970. Foto da revista REFESA, cedida por José Emílio Buzelin.

A estação, já sem trilhos, em 1991. Foto Hugo Caramuru

A estação em 2003. Foto Jorge A. Ferreira

A estação em 2003. Foto Jorge A. Ferreira

A estação em 2003. Foto Jorge A. Ferreira

A estação em 2003. Foto Jorge A. Ferreira

Acima, a estação em 2004, em fotos de Gutierrez L. Coelho

A estação em 2015. Foto Ricardo Marigo

A estação em 27/6/2021. Foto Julio Alves
     
Atualização: 29.06.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.