A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
Baguassu
Santa Silvéria
Palmeiras
...

ram. Sta. Veridiana-1935
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2003
...
 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1892-1971)
FEPASA (1971-1976)
SANTA SILVÉRIA
Município de Santa Cruz das Palmeiras, SP
Ramal de Santa Veridiana - km 23,865   SP-2890
Altitude: 599,000 m   Inauguração: 01.08.1892
Uso atual: abandonada (2015)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1892
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Santa Veridiana foi aberto em 1886, como ramal de Emas, partindo de Laranja Azeda, no ramal de Descalvado, com apenas uma estação e transporte exclusivo de cargas. O prolongamento para Santa Veridiana foi decidido em 1888, sob forte pressão contrária da Mogiana, que alegava invasão de sua zona privilegiada. Em 1893, a linha ficou pronta. As brigas entre a Paulista e a Mogiana continuaram até 1913, quando um acordo fez com que o final do ramal e a linha-tronco da Mogiana, que distavam entre si apenas um quilômetro, se encontrassem, com bitolas diferentes (larga e métrica) na nova estação denominada Baldeação. No início de 1968, a linha entre Palmeiras e Baldeação foi suprimida. O agora ramal de Palmeiras sobreviveu até 1976, quando foi extinto. Os trilhos foram arrancados no início dos anos 80.
 

A ESTAÇÃO: Quando o ramal de Santa Veridiana foi projetado, a estação de Santa Silvéria não constava dos planos. Aí, durante a construção da linha, o fazendeiro José Júlio de Araújo Macedo pediu e obteve permissão para construir, em terras de sua propriedade, uma estação e um armazém, de acordo com projetos que lhe foram fornecidos pela Paulista, e que deveriam se localizar aproximadamente à eqüidistância das estações de Baguassu e Palmeiras.

Ela foi inaugurada em 1892 (veja caixa abaixo, de 1892) no mesmo dia da estação seguinte, de Palmeiras, e com grande movimento, em 1895 teve seu armazém ampliado.

Foi por muitos anos a estação de maior movimento em termos de embarque de café no município de Santa Cruz das Palmeiras.

"A gente voltava da Escola Normal, em Pirassununga, nos anos 1950, com o trem misto, no final da tarde. Quando ele carregava muita carga, não conseguia subir a rampa entre Baguassu e Santa Silvéria, então ele deixava o único vagão de passageiros em baixo, subia com parte da carga e depois voltava de ré para buscar o resto..." (Luiz Affonso Mendes, o Dudízio, Santa Cruz das Palmeiras, 1999).

"Eu e meu pai íamos de bicicleta até Santa Silvéria, colocávamo-las no trem e vínhamos até Palmeiras... Como posso me esquecer disso? Justamente agora que a lembrança do pai aperta nessas horas..." (Luiz Affonso Mendes Junior, o Ju, Santa Cruz das Palmeiras, 2004).

"Não me lembro bem, mas acho que foi em 1967, minha mãe confirmou. Vinhamos de Pirassununga e o trem, com destino a Palmeiras, parava em Santa Silvéria. No carro, gente de Palmeiras, minha mãe Wercy, minha avó Irene, a prima Ivete, mais dois senhores de uma fazenda nos arredores da cidade que não me lembro mais quem eram, duas ou três senhoras da Catequese e o Padre Ézio, pároco de Santa Cruz naquela época. Tardezinha ensolarada, o trem parou em Santa Silvéria por poucos minutos apenas. Pusemos a cabeça pra fora da janelinha, e, num suspiro, chamei tão alto minha mãe, que todos os presentes acabaram despertando atenção para meu chamado: - Mãe, olha só! Referia-me à roça de milho à esquerda. Amarelinhos, todos ali com fome, o imaginário dos presentes eram um só: aquelas espigas na panela, aquele milho cozido com sal, água na boca. Apesar do pouco tempo que o trem dispunha até sua partida, daria tempo pra fazer dar uma investida na roça, mas, e a presença do padre? Todos pensaram, creio, a mesma coisa: Ah, se o padre Ézio não estivesse aqui conosco, a gente levaria metade dessa roça de milho pra Palmeiras. Tivemos que tirar esse desejo da mente (do estômago, melhor dizendo). com o Padre ali, ainda mais acompanhado pelas beatas. Uma pena. Voltamos ao duro acento do trem e esperamos o apito pra partir. Todos quietos, pensativos. O trem apita. O som daquela locomotiva quebrava o silêncio da tarde ensolarada. De repente, minha avó (que também era beata) gritou lá do fundo: - Gente, pára o trem, minha Nossa Senhora... Cadê o Padre Ézio ???? Motivo de pânico quase cômico, avisaram, aos berros, o maquinista. Ele freou e olhou feio para trás. - O Padre não está no carro, mas ele veio junto! Onde ele está não sabemos, precisa ver .... disse uma senhora (uma das beatas da paróquia) lá de trás, quando foi bruscamente interrompida por uma voz que vinha lá da roça de milho: - Peraí, gente apressada, venham ajudar aqui, Dio Mio! Era o Padre Ézio naquele sol quente, com um saco de milho cheio até na boca, tentando puxar do meio da roça em rumo ao vagão. Quem poderia esperar isso? Ninguém conseguiu quebrar a surpresa e o silêncio que o ato provocou, mas um simplório senhor que deveria ter vindo do trabalho de lavrador, tinha acabado de embarcar em SS, arriscou uma indagação: - Nossa, padre, não é pecado roubar? Sem constrangimento e com uma calma e sempre com o riso irônico em seus lábios, o Reverendo retrucou: - Pecado é roubar e não poder carregar. Venham ajudar aqui logo antes que a gente perde o trem!" (Luiz Affonso Mendes Junior, o Ju, Santa Cruz das Palmeiras, 2006).

A estação f
oi desativada em 1976, com o fim do ramal. Santa Silveria estava localizada à beira da estrada asfaltada que ligava Santa Cruz das Palmeiras à fazenda de Santa Silvéria, que explorava cana-de-açúcar. Serviu como moradia particular por muitos anos, e depois passou a ser um depósito da Prefeitura local.

A estação, em 2015, estava totalmente abandonada.

1892
AO LADO:
Abre-se o tráfego provisório entre Baguassu e Palmeiras (O Estado de S. Paulo, 6/8/1892).
1895
AO LADO:
Muda o chefe da estação para a de Palmeiras (O Estado de S. Paulo, 22/10/1895).
"Desde princípio de dezembro estou em S. Paulo, onde vim espairecer um pouco. Segui pela Mogiana até Uberabinha, passei três dias em Uberaba, quatro em Ribeirão Preto, cinco no Brejão, com Eduardo Prado, em e meio em Santa Silvéria, com Leão Veloso (...) Santa Rita do Passa-Quatro, 20-3-1899"
1899
AO LADO
: Em carta a Guilherme Studard,Capistrano de Abreu, escritor e historiador cearense, relata uma de suas viagens a Santa Rita do Passa-Quatro, em 20/3/1899
(carta a Guilherme Studard).

ACIMA: Tristeza e abandono (Foto Suiá Stocco Teixeira, 25/5/2013).

TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros pararam nesta estação de 1892 a 1976. Na foto à esquerda, o trem do ramal está em Santa Veridiana. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1964 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph Mennucci Giesbrecht: pesquisa local; Luiz Claudio Vieira Lopes; Luiz Affonso Mendes; Luiz Affonso Mendes Junior; Suiá Stocco Teixeira; Filemon Peres; Ralph M. Giesbrecht: Caminho para Santa Veridiana, Editora Cidade, 2003; Cia. Paulista, álbum de 50 anos, 1918; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1872-1969; José Honório Rodrigues: Correspondência de Capistrano de Abreu, volume 1, Rio de Janeiro, 1954; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação em 1918. Foto Filemon Peres

A estação em 1947. Autor desconhecido

Santa Silvéria, já sem trilhos, c. 1985. Foto Luiz Affonso Mendes Jr

A plataforma da estação, em 1991. Foto Luiz Affonso Mendes Jr

Vista da plataforma em 1991. Foto Luiz Affonso Mendes Jr

A estação vista da plataforma, em 1991. Foto Luiz Affonso Mendes Jr

Santa Silvéria em 1996. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 06/2003. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 06/2003. Foto Suiá Stocco Teixeira

A estação em 2015. Luiz Foto Luiz Claudio Vieira Lopes
   
     
Atualização: 16.04.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.