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Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina (1942-1975)
RFFSA (1975-1996) |
PORTO
UNIÃO DA VITÓRIA
(antiga UNIÃO)
Municípios de União da Vitória,
PR e Porto União, SC |
linha Itararé-Uruguai - km 515,960
(1936) |
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SC-0510 |
Altitude: 516 m |
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Inauguração: 1942 |
Uso atual: Secretaria municipal da Cultura
(União da Vitória) e Câmara de Vereadores (Porto
União) (2004) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1942 |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha Itararé-Uruguai, a linha-tronco da RVPSC, teve a sua
construção iniciada em 1896 e o seu primeiro trecho
aberto em 1900, entre Piraí do Sul e Rebouças, entroncando-se
em Ponta Grossa com a E. F. Paraná. Em 1909 já se entroncava
em Itararé, seu quilômetro zero, em São Paulo,
com o ramal de Itararé, da Sorocabana. Ao sul, atingiu União
da Vitória em 1905 e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul,
divisa com Santa Catarina, em 1910. Trens de passageiros, inclusive
o famoso Trem Internacional São Paulo-Montevideo, este entre
1943 e 1954, passaram anos por sua linha. Os últimos trens
de passageiros, já trens mistos, passaram na região
de Ponta Grossa em 1983. Em 1994, o trecho Itararé-Jaguariaíva
foi erradicado. Em 1995, o trecho Engenheiro Gutierrez-Porto União
também o foi. O trecho Porto União-Marcelino Ramos somente
é utilizado hoje eventualmente por trens turísticos
de periodicidade irregular e trens de capina da ALL. O trecho Jaguariaíva-Eng.
Gutierrez ainda tem movimento de cargueiros da ALL. |
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A ESTAÇÃO:
Para substituir as duas estações até então
existentes nas cidades gêmeas de Porto União e
de União da Vitória, cada
uma em um Estado, a estação de União foi inaugurada em 1942 com um novo pátio ferroviário que atendia
aos dois lados da linha.
As duas fachadas do novo prédio
da estação eram iguais e cada entrada tinha
o nome de cada cidade. O trem pararia, a partir de agora,
somente num ponto, em vez de parar nas duas estações
anteriores, uma de cada cidade, distantes uma da outra apenas
100 metros pela linha. O nome da estação foi,
alguns anos mais tarde, alterado para Porto União
da Vitória. Os dois nomes atendiam aos anseios
das duas cidades. Essa estação é a que está ali até hoje.
As duas cidades eram o segundo ou terceiro faturamento da
RVPSC pelo menos até o início dos anos 1970.
A partir daí,
entretanto, com a construção do tronco principal Sul por Rio Negro, levando a Lajes e daí ao sul,
a velha "linha do Contestado" foi perdendo em importância
até ser abandonada totalmente em 1997. O trecho entre Engenheiro
Gutierrez, em
Irati, e a ponte ferroviária
sobre o Iguaçu, já na divisa dos estados, foi
fechado e erradicado, fechando-se todas as estações
intermediárias.
Esse trecho foi o que mais sofreu,
pois era acidentado, retardando o tráfego ferroviário,
e as cargas foram quase que totalmente passadas para a nova
variante citada acima já no início dos anos
1970; trens de passageiros ainda seguiram por ele até
fins dos anos 1970 e, com a enchente de
1983, foram eliminados, mrsmo tendo sido eles os únicos meios
de acesso às cidades do trecho e também a União
da Vitória e a Porto União por mais
de uma semana.
Depois, os trens, já somente composições mistas, desapareceram de vez.
Hoje, embora
a ponte sobre o Iguaçu tenha sido concretada e com isso
perdido seus trilhos, estes começavam em 2008
junto a ela e chegavam à estação, apenas
alguns metros à frente. Uma linha somente sobrou,
justamente a da divisa estadual, enquanto a segunda e a terceira linha foram
retiradas. A divisa estadual passa por dentro da gare de uma estação abandonada até 2002, quando
reformas foram feitas e ela foi reinaugurada, não sem problemas,
pois podia-se imaginar a burocracia de ter um prédio
dividido ao meio entre dois Estados.
Depois da gare, a linha seguia
por alguns quarteirões, passava por um pátio de manobras
ainda com seus trilhos e depois se dividia em três: a linha principal
que ia para Matos Costa e Caçador, a linha que
seguia para Mafra e São Francisco e a linha antiga, desativada em 1950 com a construção
da variante da serra de São João, entre Porto União e Matos Costa, linha esta que depois de desativada ainda serviu
nos seus primeiros quilômetros como desvio particular e depois
foi quase totalmente retirada, exceto em alguns metros iniciais, que
ainda se vê após o pátio. Esse leito de linha, embora arrancada
mais à frente, é ainda a divisa dos Estados... a linha atual,
da variante, está toda dentro de Santa Catarina e tem seis
túneis, passando por várias cachoeiras muito bonitas.
Depois de sete anos sem qualquer uso, voltou a ser utilizada por alguns
trens turísticos que seguiam até a saída do segundo
túnel, após Eugênio de Melo, durante o mês
de setembro de 2003.
(Veja também PORTO
UNIÃO e UNIÃO DA VITÓRIA)
em 15 de agosto de 1942, é inaugurado um conjunto
de obras incluindo aí a estação de passageiros. Racionalizando
espaço e tempo e respeitando a tradição de duas cidades juntas
colonizadas, a Rede julgou por bem substituir as duas estações
por dois corpos, iguais em área coberta e fisionomia arquitetônica,
ligados de modo a formar uma grande abóbada em arco e por
meio de uma galeria subterrânea reservada ao trânsito de pedestres.
Para que não houvesse nenhum tipo de rancor por parte das
duas cidades, a estação foi denominada de "União", a fim de
manter os laços de amizade entre as cidades. O evento contou
com a presença de grande número de autoridades, como o Interventor
Federal, no Paraná, Manoel Ribas, e da comunidade em geral.
Conforme a descrição precisa da pesquisadora Professora Terezinha
Leony Wolff, na estação funcionou, do lado de Porto União,
a Agência Postal Telegráfica a qual ocupava a parte térrea
e superior ao lado sul da Estação. Uma escada interna estabelecia
a ligação da Agência Postal com a sala do Telégrafo. No lado
norte, dependências térreas funcionavam o restaurante da Estação,
dirigido pelo Senhor Salustiano Costa e servido pelo senhor
França. O andar superior servia aos escritórios do 3º Distrito
de Obras e Cadastro. Do lado de União da Vitória, na ala norte,
ficavam os serviços de transmissão da Rede (telégrafo morse,
telefone seletivo e rádio, PSF4). Na parte de baixo, a Agência
da Estação. No lado sul, andar superior, o Departamento de
Pessoal e no térreo, o Setor Comercial da Rede. Algo que marcou
na memória foi o movimento de pessoas nas bilheterias, nos
saguões e nas plataformas. Passageiros recostados nos bancos,
cochilando, enquanto aguardavam os trens, nem sempre no horário
previsto. Em ambos os lados da Estação, conjugados, quatro
armazéns para carga e descarga de mercadorias. Alguns carregamentos,
como de trigo e madeira, efetuavam-se nos depósitos das próprias
firmas e o de animais, no Embarcadouro, em vagões para cujos
acessos foram construídos ramais ferroviários específicos.
Na inauguração da Estação de União foram incluídos também
as três casas residenciais destinadas aos engenheiros da Via
Permanente e Locomoção e ao Agente da Estação (na Visconde
de Nácar); a balança de Vagões, as Oficinas da 5ª Residência
e Depósito, o Escritório da Locomoção e o Depósito das máquinas
(hoje depósitos de Grãos), a Cabide Telefônica (onde ficava
o guarda chaves), todos construídos ao longo da linha, paralelos
à Avenida (hoje Getúlio Vargas); a Vila Ferroviária, formada
por sete grupos de casas quádruplas nas Estrada de Rodagem
para o Rio da Areia, hoje Mal. Deodoro. Para abastecer de
água o pátio e outros serviços da Estação foi construída uma
caixa de concreto, no alto onde posteriormente foi construído
o Estádio do Ferroviário
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À ESQUERDA: Texto: Profa. Terezinha Leony
Wolff. |
ACIMA: Vista da cidade de Porto União, a
antiga ponte - hoje ela é diferente - sobre o rio Iguaçu,
construída em 1906 (Autor desconhecido).
ACIMA: A nova estação, que se chamaria
União e depois Porto União da Vitória, começa
a ser construída. O ano é provavelmente 1938. Em primeiro
plano, as fundações da estação nova. Ao
fundo, do lado direito da linha (Santa Catarina), a estação
de Porto União. Mais ainda ao fundo, com o dístico em
destaque, a estação de União da Vitória,
do lado esquerdo da linha, lado do Paraná. Esta foto mostra
que, ao contrário do que se afirma, a estação
nova não ficou a meio caminho das duas antigas, mas sim, mais
à frente na linha, sentido sul (Foto acervo Irene Rucinsky).
ABAIXO: A notícia sobre a inauguração da nova
estação em 1942 - CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA VE-LA NA
INTEGRA; CLIQUE AQUI
PARA VER A 2a PARTE DA NOTICIA (Correio do Paraná, 17/8/1942).
ACIMA: Novas instalações
ferroviárias em Porto União e em União da Vitória
inaugurados em 1942. À esquerda, o rio Iguaçu com a
ponte; no novo largo, a estação e, em verde, as casas
ferroviárias. Mais à direita, o pátio de manobras
e as oficinas, e, na extrema direita, o novo triângulo. Entre
a ponte e a nova estação, ficavam as duas estações
anteriores, demolidas então. Os desvios junto à estação
foram suprimidos mais tarde (Relatório da RVPSC de 1942).
ACIMA:
Cerca de 15 anos mais tarde (c. 1957), belíssima foto tomada
de União da Vitória, sentido Porto União, nos
centros da duas cidades, vemos a locomotiva a vapor da RVPSC cruzando,
sentido estação, uma das ruas numa passagem de nível
que divide as duas cidades e os dois Estados (Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, 1958).
ACIMA: Vista
da estação, tomada do lado de Porto União, em
1982. O pátio ainda tinha movimento razoável, mas já
decadente, desde a abertura do Tronco Sul, em 1969. Mesmo assim, ainda
mantinha diversos desvios(a linha principal, a que passa no centro
da gare) era a divisora dos dois Estados. Diversas composições
estavam na gare e no pátio. Em segundo plano e do outro lado
da linha, o Estado do Paraná. Ao fundo, o rio Iguaçu.
Em primeiro plano, uma rua em Porto União, no Estado de Santa
Catarina (Foto Paulo Sérgio Zageski ).
ACIMA: Vista aérea da cidade, talvez anos
1950. A estação está ao centro da foto; União
da Vitoria, PR, fica para a direita da linha; Porto União, SC,
para a esquerda (IBGE).
ACIMA: As passagens subterrâneas (são
duas) existentes até hoje na estação tratam-se
de túneis com mais ou menos 3 m de largura por aproximadamente 3 m
de altura, com azulejos nas paredes e que possuem bombas de sucção
de água. Sua finalidade era a segurança aos transeuntes para passar
de uma plataforma a outra, uma vez que não era permitido por cima
das vias férreas (3 linhas), onde constantemente circulavam trens,
tanto de passageiros quanto de cargas. Da estação saíam
trens para Mafra, a leste, Marcelino Ramos ao sul e Ponta Grossa ao
norte (linha hoje inexistente), bem como o Trem Internacional, vindo
de Montevideo, para São Paulo. Durante as chegadas dos trens, somente
adentravam as plataformas pessoas compromissadas com as viagens ou
que tinham pagado ingresso para a mesma. A estação União, seria a
única no mundo com todas essas características nos moldes da sua construção,
sobrepostas sobre dois municípios dois Estados. Construída em 1942
pela empresa Irmãos Tha S. A., sua base está sustentada sobre troncos
de araucárias como estacas; persiste até hoje com a mesma estrutura
(Foto c. 2016 e texto Luiz Jorge Uliniki).
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TRENS - De acordo com os guias de horários e fontes diversas,
trens de passageiros pararam nesta estação de
1942 a 1983. Veja aqui horários
em 1948 (Guias Levi). Na
foto à esquerda, o trem de passageiros está parado
(possivelmente anos 1930) na estação de Roxo Roiz. |
(Fontes: Altamiro Lisboa; Roberto Domit de Oliveira;
Rodrigo Cunha; Nilson Rodrigues; Terezinha Wolff; Irene Rucinski;
Paulo Szabadi; Correio do Paraná, 1942; IHGE Paranaense: Boletim,
1976; IBGE; Guias Levi, 1932-80; RVPSC: relatórios, 1936 e
1942) |
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A nova estação, recém-inaugurada em 1942.
Foto dos relatórios da RVPSC |
A nova estação, recém-inaugurada em 1942.
Foto dos relatórios da RVPSC |
A nova estação, à noite, recém-inaugurada
em 1942. Foto dos relatórios da RVPSC |
Casas da vila ferroviária, em 11/2000. Foto Rodrigo Cunha
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Placa da estação, lado paranaense, em 11/2000.
Foto Rodrigo Cunha |
Uma das fachadas da estação em 11/2000. Foto Rodrigo
Cunha |
O depósito de locomotivas de Porto União, em 11/2000.
Foto Rodrigo Cunha |
Casinha junto à estação de Porto União,
em 11/2000. Foto Rodrigo Cunha |
A estação em 2002. Foto Paulo R. Szabadi |
A estação em 2002. Foto Paulo R. Szabadi. |
A estação vista do lado da cidade. À direita,
Santa Catarina. Foto Alexandre L. Giesbrecht, em 13/09/2003 |
A estação vista do lado da ponte. À direita,
Paraná. Foto Alexandre L. Giesbrecht, em 13/09/2003 |
Os bons tempos voltaram em Porto União da Vitória.
Locomotiva La Meuse partindo para Eng. Eugenio de Mello, em
passeio turístico em 12/09/2003. Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação em 2011. Para a esquerda, Porto União,
SC; para a direita, União da Vitoria, PR. Foto Nilson
Rodrigues |
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Atualização:
23.06.2019
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