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Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Palmeiras
Santa Veridiana
Baldeação
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ram. Sta. Veridiana-1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2004
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1893-1968)
SANTA VERIDIANA
Município de Santa Cruz das Palmeiras, SP (veja a fazenda)
Ramal de Santa Veridiana - km 38,922   SP-2223
Altitude: 674 m   Inauguração: 20/02/1893
Uso atual: moradia (2019)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1893
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Santa Veridiana foi aberto em 1886, como ramal de Emas, partindo de Laranja Azeda, no ramal de Descalvado, com apenas uma estação e transporte exclusivo de cargas. O prolongamento para Santa Veridiana foi decidido em 1888, sob forte pressão contrária da Mogiana, que alegava invasão de sua zona privilegiada. Em 1893, a linha ficou pronta. As brigas entre a Paulista e a Mogiana continuaram até 1913, quando um acordo fez com que o final do ramal e a linha-tronco da Mogiana, que distavam entre si apenas um quilômetro, se encontrassem, com bitolas diferentes (larga e métrica) na nova estação denominada Baldeação. No início de 1968, a linha entre Palmeiras e Baldeação foi suprimida. O agora ramal de Palmeiras sobreviveu até 1976, quando foi extinto. Os trilhos foram arrancados no início dos anos 80.
 
A ESTAÇÃO: A mais lendária das estações da Companhia Paulista. Em 20 de fevereiro de 1893, foi finalmente entregue ao tráfego de passageiros e cargas a estação que dava o nome ao ramal: Santa Veridiana, no pasto da fazenda do mesmo nome, tendo sido construída pelo empreiteiro Pedro Vaz de Almeida, situando-se a cerca de um quilômetro da sede da fazenda.

O dono da fazenda, a maior produtora de café do Estado na época, era o poderoso Conselheiro Antônio Prado, e o nome da fazenda homenageava sua mãe, dona Veridiana Prado.

Curiosamente, à frente da fazenda, bem próximo à estação, passava a linha-tronco da Mogiana, a maior concorrente da Paulista, da qual o Conselheiro era Presidente.

Como extremidade do ramal, em sua esplanada foram construídos girador, caixas d'água, depósitos de locomotivas e vagões... A estação da Mogiana mais próxima era a estação de Lage, construída em 1882, onze anos antes. Santa Veridiana serviria agora como ponto de transbordo dos passageiros da Paulista que se dirigiam a Ribeirão Preto pela Mogiana. Estes tomavam carros de boi que os levavam a Lage, 500 metros adiante.

Já em 1898 (ver caixa abaxo) , com o intenso movimento, um restaurante foi construído na estação.

Autorizado pela Paulista, em 20 de setembro de 1898, inaugurou-se uma linha de tramway (um bonde a burro, na verdade) que ligava a estação a Lage (ver caixa abaixo). A Mogiana protestou e o bondinho chegou a ser suspenso alguns dias depois de sua inauguração, por que a Mogiana mandou fechar a estação da Lage em protesto pelas ações da Paulista ver caixas abiaxo).

O bonde teve de continuar fechado por algum tempo (quanto?), pois a justiça decidiu que, sem autorização estadual (ver caixa abaixo) ele não poderia trafegar. Reabriu somente em 31 de outubro de 1898 por ordem judicial (VER CAIXA ABAIXO). Em junho de 1899 o bonde seguia funcionando (OESP, 15/6/1899). Também em 1904 ainda funcionava (ver foto abaixo). Não se sabe o dia em que foi definitivamente fechado, mas pode ter ocorrido em 1913, quando outras modificações se fizeram na região para solucionar a questão de vez (ver 2° parágrafo imediatamente abaixo).

Veja mais sobre as reações ao funcionamento do bonde Santa Veridiana-Lage, após a solução (forçada) do problema em fins de 1898: OESP 27/12/1898; OESP 30/12/1898 e
OESP 31/12/1898).

Outro bondinho, anos mais tarde, ligaria a estação à sede da fazenda (ver caixa abaixo) e foi construído especialmente para transportar dona Veridiana Prado quando de suas visitas à fazenda.

A estação seguiu com grande movimento, que aumentou quando da inauguração da estação de Baldeação em 1913, esta criada para selar a paz, depois de mais de trinta anos de conflitos entre a Paulista e a Mogiana.

A estação ficava muito próxima à sede da fazenda e a cerca de um quilômetro de Santa Veridiana. De 1931 a 1943, João Batista Rodini ttabalhou ali como chefe de estação. Seu neto, Raul, vivia em 2009 em Americana, SP, com uma filha de nome Veridiana, homenageando esse tempo.

Com o declínio do café, a fazenda passou a plantar cana e a enorme colônia que ela mantinha hoje é apenas uma saudade, restando pouquíssimas construções além da casa-sede.

"Eu nasci na vila ferroviária de Santa Veridiana em 1930. Meu pai era maquinista da Paulista, e eu fiquei lá até meus quatro anos de idade, quando ele foi transferido para Araraquara. É incrível como eu ainda tenho lembranças de lá: a gente morava nas casinhas de baixo, e nas de cima moravam os funcionários mais graduados. Eu me recordo de minha avó caçando rolinhas com uma arapuca feita com uma peneira. Eu chegava perto e levantava a peneira, e todas voavam embora, enquanto minha avó ficava uma fera" (José Costa, mais tarde chefe de estação em Jundiaí-Paulista, entre 1961 e 1978, num relato de abril de 2001).

Em 1960, a Mogiana retificou o trecho entre as estações de Casa Branca e Coronel José Egídio, deixando Baldeação fora do tronco, mas agora como ponta de um curto ramal que passou a sair da estação de Coronel Correa. Isto prejudicou enormemente o tráfego do ramal de Santa Veridiana, obrigando a duas baldeações para se atingir o tronco da Mogiana.

Em 1967, o ramal de Baldeação foi desativado e com isto a estação de Baldeação.

A estação de Santa Veridiana ainda ficou ativa até o início de 1968, quando a Paulista fechou o trecho além de Santa Cruz das Palmeiras.

A estação foi logo vendida para particulares e os trilhos e o girador retirados. Hoje é a residência de campo de um morador da cidade, e está muito bem conservada, embora cercada por altos muros que impedem sua visão de fora (Ralph Mennucci Giesbrecht - do seu livro "Caminho para Santa Veridiana - As ferrovias em Santa Cruz das Palmeiras").

(Veja também BREJÃO, LAGE e BALDEAÇÃO)

1889
AO LADO: Protesto da Mogiana contra a Paulista por invasão de zona privilegiada - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VÊ-LO INTEIRO (A Provincia de São Paulo, 11/08/1889)

1890
AO LADO: Prolemas com o empreiteiro das obras do ramal? (O Estado de São Paulo, 2/2/1889)

1893
AO LADO: A Cia. Paulista pede para a estação ser aberta no dia 20 de fevereiro (O Estado de S. Paulo, 20/2/1893).

1893
AO LADO: E foi aberta a estação de Santa Veridiana (na Paulista) no dia 20, juntamente com a de Motuca, esta no ramal do Mogi-Guaçu (O Estado de S. Paulo, 23/9/1893).

1894
AO LADO: Concorrencia para um restaurante na estação de Santa Veridiana (O Estado de S. Paulo, 5/8/1894).

1895
AO LADO: A partir de agosto, você pode esperar com conforto a saída para Lage. Só precisaria agora do bonde de transporte, que seria inaugurado somente três anos depois - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LER A REPORTAGEM INTEIRA(O Estado de S. Paulo, 9/8/1895).

1898
AO LADO: E finalmente foi aberto o bonde de Laje (na Mogiana) a Santa Veridiana (na Paulista) , o que imediatamente gerou uma crise entre as duas ferrovias (O Estado de S. Paulo, 21/9/1898).

1898
AO LADO: A Paulista tenta reagir à crise provocada pelo fechamento da estação de Lage pela Mogiana (O Estado de S. Paulo, 2/10/1898).

1898
À DIREITA: A Mogiana fecha a estação de Lage e se defende - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LER A REPORTAGEM INTEIRA (Diário de Campinas, 1/10/1898, transcrito no jornal O Estado de S. Paulo, 4/10/1898).

1898
À DIREITA: A Mogiana recebe ordem judicial para reabrir a estação de Lage e fechar as outras duas estações abertas, até o dia 30 de outubro. Porém, o bonde não pode voltar a funcionar pois precisa de ordem estadual (O Estado de S. Paulo, 23/10/1898).

1898
À DIREITA: O bonde volta a funcionar; supõe-se que a ordem estadual para tal foi conseguida (O Estado de S. Paulo, 4/11/1898).

1898
À DIREITA: A situação parece estar resolvidas, mas as farpas entre a Paulista e a Mogiana continuavam - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA LER A REPORTAGEM INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 6/11/1898).


ACIMA: A estação tinha um restaurante em 1898 (O Estado de S. Paulo, 6/11/1898).

1898
À DIREITA: O preço das passagens no bonde e a estrada de rodagem interrompida entre Santa Veridiana e Lage (O Estado de S. Paulo, 15/11/1898).

1898
À DIREITA: O preço do frete para as cargas na linha entre Santa Veridiana e Lage (O Estado de S. Paulo, 15/11/1898).

1899
À DIREITA: Tempestade destelha a estação e leva vagão a 1 km da linha (O Estado de S. Paulo, 12/2/1899).


ACIMA: A estação, em 1904. À esquerda, a locomotiva, que sairia dali, como sempre, de ré; à direita dos homens de branco em pé, o bonde a burro que seguiria para Lage (Autor desconhecido. Acervo Luis Affonso Mendes Junior).

ACIMA: locomotiva da Paulista no virador de locomotivas de Santa Veridiana, provavelmente anos 1940. Ele era necessário numa estação que era término de um ramal e onde a locomotiva saía de sua plataforma de ré. Também havia necessidade de se mover a locomotiva para a estação de Baldeação, quando necessário, pelo ramal próprio. O virador ficava antes da saída do ramal de Baldeação - ver esquema abaixo (Acervo Ferrari, Santa Cruz das Palmeiras).

ACIMA: esquema de linhas em Santa Veridiana e Baldeação nos anos 1950 , sem escala (Do livro Caminho para Santa Veridiana, de Ralph M. Giesbrecht, 2003. Desenho Ana Maria Giesbrecht).

TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros pararam nesta estação de 1893 a 1976. Na foto à esquerda, o trem do ramal está em Santa Veridiana. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1964 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Luiz Afonso Mendes Jr; Luiz Affonso Mendes (in memoriam); José Costa; Ana Maria Giesbrecht; Filemon Peres; Acervo Rodini; Acervo Ferrari; Cia. Paulista: Álbum 50 anos, 1918; O Estado de S. Paulo, 1898-99; Ralph Mennucci Giesbrecht: Caminho para Santa Veridiana-as ferrovias em Santa Cruz das Palmeiras, Ed. Cidade, 2003; Cia. Paulista: Relatórios anuais, 1872-1969; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)

A estação de Santa Veridiana em 1904. Acervo Luiz Affonso Mendes Junior

Em 1918, a estação. Ao fundo, o final dos trilhos do ramal, já que a linha para Baldeação saía alguns metros antes da estação. Foto Filemon Peres

Troca de placas em Santa Veridiana, 1937. Acervo Rodini.

Troca de placas em Santa Veridiana, 1937. Acervo Rodini.

Locomotiva G12 em Santa Veridiana, provavelmente anos 1960. Eram comuns nesse ramal. Acervo Ferrari

A estação, em 07/10/2000. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht

A estação em 2004. Autor desconhecido
   
     
Atualização: 30.12.2020
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.